O alimento dos deuses é a revolução evolutiva e social
Livro: O Alimento dos Deuses
Autor: H. G. Wells
Neste livro o autor conta a história de dois cientistas que, após vários estudos, acabam por desenvolver um fruto capaz de fazer crescer exponencialmente aquele que o ingere. Na tentativa de sistematizar e gerar experimentos, a fase de testes sai do controle provocando consequências imensuráveis, e a criação desde alimento se mostra capaz de alterar a estrutura social vigente como nunca antes foi imaginada.
Dividido em 3 grandes eixos, num primeiro momento é relatado o caos social gerado pelo surgimento de animais gigantes, fruto do descontrole gerado pelos experimentos do alimento; em outra parte, mostra-se o como a propaganda política e as instituições político-sociais respondem a modificação gerada pelo nascimento de uma nova raça de seres humanos; e por fim, o embate ideológico entre aqueles humanos normais, e pequenos, frente a nova raça de seres humanos gigantes, e todas as implicações revolucionárias que isso pode gerar.
O autor brinca com as questões, por exemplo, de como a revolução tão trabalhada e esperada no passado, acaba vindo de uma forma tão diferente e inusitada; é abordado o como a "classe" de cientistas considerados tão grandes em conhecimento, por vezes, mostram-se pequenos e estúpidos, técnicos demais, mas sem uma real descoberta capaz de modificar a sociedade; também é colocado de forma peculiar o como facilmente a grande massa da sociedade aceita determinadas questões. Cabe ressaltar que Wells em seus contos sempre aborda (por sua perspectiva socialista e utopista), de forma direta ou indireta, as reflexões do conflito entre duas raças ou classes diferentes; assim como também sempre aborda o sentimento "intrínseco" (ou até mesmo evolucionista) do ser humano em buscar algo revolucionário e uma ordem mundial, fruto deste sentimento revolucionário.
"[...] E vocês descobrirão que assim são os "cientistas", como classe, em todo mundo. O que é grande neles constitui uma dor de cabeça para seus colegas cientistas e um mistério para o grande público; e o que não é, é evidente. Não há dúvida quanto ao que não é grande neles, pois nenhuma raça humana tem tão óbvia pequenez. No que se refere às relações humanas, vivem num mundo tacanho; suas pesquisas implicam infinita atenção e é uma reclusão quase monástica; e o que sobre não é muito."
(H. G. Wells, p. 5-6)
"As espalhafartosas e inúteis revoluções de antigamente, aquela imensa multidão de idiotas caçando algum monarca idiota e outros que tais, haviam de fato morrido e desaparecido; mas a transformação não morrera. Apenas se transformara. O novo vinha à sua própria moda, e além da compreensão comum do mundo."
(H. G. Wells, p. 120)
"Por muitas gerações. E os pequenos atrapalharão os grandes, e os grandes pressionarão os pequenos. Assim tem de ser pai. [...] Toda a vida é isso. Grandes e pequenos não se entendem um ao outro. Mas em todo filho nascido de homem, oculta-se uma semente de grandismo... à espera do Alimento."
(Filho Redwood / H. G. Wells, p. 238-239)
O livro em si é curioso, eventualmente torna-se muito interessante, bem como suas reflexões, entretanto, achei exageradamente longo, muitos pormenores sendo explorados mais sem que tenham uma efetiva importância no enredo como um todo. O livro em grande parte foi bem chato e entediante, esperava mais do livro, se comparado aos temas propostos.
cuidado ao ler este livro!